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Trajetória

Anotações para
uma biografia
inconclusa

   Quando perguntam a data do meu nascimento, respondo ter a idade do Rock and Roll, embora tenha sido embalado ao ritmo do Jazz. O pai, caixeiro viajante, a mãe, operária de fábrica e o irmão, famoso pintor internacional, fui ser também “gauche" na vida, sendo um autêntico barriga-verde. Por influência do lado materno – Busch – fui alfabetizado no idioma germânico para conhecer a vilania dos personagens “ Max und Moritz”  ,de autoria de um distante tio-bisavô poeta e cartunista, e acompanhar a ômama nas sessões de cinema expressionista alemão. Já do lado paterno – Machado – carrego as valises de lembranças repletas de curiosidades e mostruários, baús de inusitadas cartas enigmáticas e outras memórias visuais, musicais e gestuais, e um certo ar insular ao mirar melancólico a estrada de ferro paralela à linha do horizonte.  
  Fui apresentado assim ao primeiro conflito existencial, espécie de construtivismo tedesco versus latinidade lusitana/açoriana, mas jurei forte sob as águas do batismo: serei sempre um protestante! Com o único irmão, 11 anos mais experiente, brincamos de trocar ideias, elaborar projetos e cultivar resultados. Às vezes nem conversamos sobre arte!
  Década de 1970, o pau comia no Brasil. Da pequena aldeia com nome de príncipe francês, ao completar dezoito anos embarquei num ônibus com destino à capital mais próxima e mais fria do país. Muito tímido, não contei para ninguém que queria ser diretor de cinema Noir, e fui buscar as respostas das minhas dúvidas no curso de Jornalismo e no de Belas Artes. Tresloucados anos, paradoxalmente desenhei milhares de afiadas máquinas de escrever e escrevi centenas de cortantes  laudas sobre artes. Aos censores, tão laboriosos naquela época, dizia apenas fazer jornalismo visual ou  humor gráfico.
  Realizo inúmeras exposições pelo mundo, alguns prêmios, e de volta à terra natal ,vou ser professor de ética, legislação, redação, edição, e publicidade para adultos, e história da arte e educação artística para adolescentes.  Um convite político me leva, aos 23 anos, a inaugurar um museu de arte contemporânea e ser seu primeiro diretor, e a partir daí – até hoje – atuar num longo e controvertido ciclo de atividades profissionais públicas, em todas me posicionando sempre como interlocutor entre a classe artística e o poder político. Tarefa hercúlea, direi. Mas de inesquecível aprendizado e excelentes resultados.
  Assim fiz cursos e estágios de política, de jornalismo, publicidade, relações públicas, artes visuais, cinema, televisão, fotografia, desenho animado, museologia, patrimônio histórico, literatura, música, psicologia, antropologia, marketing, arte educação, ecoturismo, gestão e investimento cultural, organização criativa, entre outros. Dirigi museus, clubes de cinema, associações de artistas, festivais de dança, clubes sociais, sistemas museológicos, centros culturais. Participei de entidades nacionais e internacionais, de comissões julgadoras de artes e de poesia. Presidi fundações e conselhos de cultura e proferi palestras e debates. Realizei mais de 300 exposições em diversos países. Assinei colunas semanais de crítica de arte em jornais e artigos em revistas, idealizei curadorias em inúmeros espaços no país e no exterior, criei, organizei e coordenei eventos artísticos. Atuei em Secretarias de Estado nas áreas da cultura, da paradiplomacia e da cooperação internacional. Nem sempre nessa ordem.
  Um legítimo criador de casos, portanto.
  Não por acaso sou lembrado como “Operário da Cultura”, ou como me autodenomino nas redes de conexão, apenas um “Colono Social”.
  Ah, meu nome é Edson Busch Machado!

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E-BOOK

Quem tem medo da cultura?

Compilação de escritos dos últimos 50 anos sobre as artes e lides culturais, observando e enaltecendo trajetórias, sugerindo caminhos, revelando talentos e promovendo manifestações culturais. Mas também, criticando o marasmo, a mesmice, a burocracia, a cultura oficial pública acomodada e a falta de consciência na sociedade alienada e na política sectária.

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